Recentemente vem se polarizando de maneira totalmente desnecessária a discussão sobre igreja emergente e igreja tradicional. Seria ingenuidade ir fundo nessa discussão como se ela tivesse uma lógica provavel.
Existe sim uma igreja emergente, com conceitos mais leves, focada nos perdidos e procurando usar dos melhores metodos para levar a cultura pós moderna ao conhecimento de Jesus Cristo como Senhor e salvador.
Dizer que isso não é válido seria insanidade.
Da mesma forma existem , erros, delírios etc... que podem não levar isso a acontecer de maneira completa. Mas isso não desqualifica as igrejas que estão emergindo e sendo bem sucedidas. Essas igrejas são de todo tipo , tradicionais, recém plantadas, não denominacionais etc .
Uma coisa ninguém pode deixar de reconhecer, as igrejas ditas emergentes tem buscado falar a linguagem dessa geração sem comprometer a mensagem e a maioria dos extremos tradicionalistas estão tentando falar com essa geração numa linguagem medieval e ultrapassada.
Uma esta emergindo e a outra, me parece estar submergindo na irrelevância
Segundo o portal Igreja Emergente [www.igrejaemergente.com.br], uma igreja emergente é basicamente “um movimento cristão onde as pessoas buscam viver sua fé em um contexto social pós-moderno”. Cunhada no final da década de 90, a terminologia se aplica aquelas comunidades que tem como principal marca a propagação do evangelho dentro das diferentes culturas urbanas.
O movimento já vinha ganhando projeção no Brasil, propagado principalmente através de blogs e sites na internet, mas obteve maior impulso após a publicação do livro “Ortodoxia Generosa”, de autoria de Brian Mclaren.
Sinceros, mas eventualmente equivocados
Os defensores e pregadores da chamada igreja emergente possuem motivações sinceras. Como missionário, reconheço que a igreja em algumas ocasiões hostilizou e violentou culturas ao invés de valorizá-las, e que isto de certo modo tem sido uma barreira para a pregação do evangelho. Para reparar essa situação, a igreja precisa desenvolver uma teologia que faça separação entre evangelho e cultura. Além disso, as mutações que vêm ocorrendo na sociedade pós-moderna demandam dos pastores e líderes uma revisão missiológica, reelaborando estratégias e contextualizando sua mensagem para que esta possa ser plenamente entendida pela geração emergente.
As chamadas igrejas emergentes estão preocupadas com o ouvinte e como ele recebe a mensagem e são taxados de relevarem a mensagem .Em seu desejo de pregar um evangelho que seja “aceitável” ao homem pós-moderno, acabam por negligenciar os pressupostos básicos do cristianismo. Isso pode acontecer, mas pelo lado liberal do movimento.
Relativismo, boas obras e ódio pela igreja
Segundo Kevin Corcoran, outra marca distintiva das comunidades emergentes é “a preferência pela vivência correta ao invés da doutrina correta” [1]. Para alguns, a doutrina realmente não importa, de modo que cosmovisoes excludentes como catolicismo e protestantismo são colocadas por eles no mesmo pacote. Estes simplesmente ignoram que não pode haver justificação onde não existe arrependimento e conversão à Verdade. Ao demonstrarem excessiva preocupação com a práxis em detrimento da doutrina, eles se aproximam mais do catolicismo e do espiritismo do que da tradição evangélica, uma vez que a ênfase recai sobre as obras e não sobre a fé. Naturalmente que isso não é uma regra , igrejas identificadas com o movimento emergente são também ortodoxas doutrinariamente.
Existe ainda uma corrente pós-igreja dentro da igreja emergente, que afirma que a própria igreja é o problema e tentam despir-se dela. “Eles sequer usam a palavra igreja e dizem: Nada do que eles fizeram, nós faremos”, diz Jason Clark , outro líder do movimento. Muitos rejeitam até mesmo o título de cristãos e não consentem, em nenhuma hipótese, que chamem suas comunidades de igrejas.
Nestes casos a enfase está em desconstruir a igreja e construir algo que se assemelhe, mas que necessariamente não precisa ser como a igreja.
Conservadores x Liberais: Duas correntes no movimento
Considerado por muitos como emergente, Mark Driscoll, pastor da Mars Hill Church em Seatle, crê que a igreja emergente tem um lado positivo, que é o de reconhecer a importância da missão dentro da cultura urbana. No entanto, ele mesmo denuncia a ideologia predominante no movimento, que chama de “a ultima versão do liberalismo” . Tendo sido um dos precursores deste modelo de igreja, o pastor diz ter se afastado assim que percebeu que os líderes emergentes estavam entrando por um caminho estranho, e hoje fala abertamente do seu desacordo com Rob Bell e Brian Mclaren, representantes da ala emergente liberal. Mark é talvez o maior divulgador do que poderíamos chamar de lado bom do movimento emergente.
Dan Kimball, autor do livro “A Igreja Emergente”, também reconhece que há vozes dissonantes dentro do movimento, e faz distinção entre igrejas emergentes e igrejas que estão emergindo. Seja como for, sua abordagem corrobora a ideia de que existem pelo menos duas facções dentro do movimento. As igrejas emergentes, neste caso, seriam caracterizadas por uma teologia liberal e liderança descentralizada, enquanto as igrejas que estão emergindo (ou emergentes conservadoras), embora nutridas do mesmo desejo de alcançar a geração pós-moderna, são culturalmente liberais, mas possuem uma doutrina ortodoxa, fazendo clara distinção entre evangelho e cultura.
Revendo conceitos
É verdade que existe certa confusão dentro do movimento emergente, mas não podemos negar que algumas das questões levantadas por seus proponentes são realmente importantes: “Que estratégias devem ser usadas para levar o evangelho à geração pós-moderna? A igreja institucional tem sido boa representante de Cristo? Qual o limite entre a contextualização e o sincretismo religioso? Até que ponto devemos mergulhar nas diferentes culturas urbanas para pregar o evangelho?” Estas são perguntas sinceras que merecem uma resposta franca e honesta.
A igreja emergente nasce da nossa falta de preocupação e reflexão missiológica, e apesar da sua ala liberal dominada pressupostos incompatíveis com o evangelho, o movimento possui pontos positivos e tem muito a ensinar-nos. Contudo, precisamos ter muito cuidado para jamais, em nome da forma, comprometer o conteúdo do evangelho. Não podemos exagerar em nosso desejo de ser relevantes culturalmente, pois o evangelho sempre será loucura e escândalo para os incrédulos e ao tentar torná-lo mais atraente, podemos acabar convertendo-o em algo que ele não é.
Adaptado
Leonardo Gonçalves blog pulpito cristão