Estou completando 56 anos de
idade e de algumas marcas em minha vida que já me fizeram entender que na minha
existência, sou um total dependente daquele que me salvou, me resgatou e me
conduz a cada dia, um após o outro em sua total dependência. Tenho dito “Nada em mim existe que não seja tudo de Ti”
A fragilidade da vida eu já
experimentei, as limitações humanas conheço-as muito bem, as mazelas do Ser
Humano já me levaram a compreender o que Paulo tentou dizer que não há um justo sequer... não tenho
grandes expectativas pois já vivi mais da metade da vida que Deus me deu e sei
que nessa próxima fase e pelo que ele me levou as experimentar na primeira, sei
de meu propósito, sei a quem sirvo e não pretendo fugir do sentimento de que a
vida e tão efêmera que a bíblia a qualifica de um piscar, uma nuvem que passa
ou como o orvalho que sobre a grama se dissipa nos primeiros raios de sol. Por isso
remir o tempo e meu desejo.
Me sensibilizo mais com uma
criança, com seu inocente sorriso ou sua angustiante face necessitada de
acolhimento, amor e suporte. O olhar de uma criança carente me entala a goela mais
do que qualquer outra coisa. Aos 56 anos de idade sou um privilegiado, andei
por boa parte do mundo, falo alguns idiomas com esforço, fiz amigos por onde
andei, zelo por essas amizades, conheci a Cristo ainda cedo, sirvo a Deus com
minhas limitações, tenho uma esposa que nunca me permitiu duvidar que o amor é
o que o amor faz, dois filhos que como presentes de Deus me deixam com o
coração apertado de tanto amor, uma filha, que como flor enxertada em meu
jardim e que com a sua graça contagiante me deu a alegria de não ser apenas pai
de machos.
O que posso querer mais? Se tenho
um maravilhoso Deus, se tenho família
amada, se tenho uma comunidade da fé, minha família espiritual, verdadeiros
amigos que me cercam e que pela vida mostraram sua veracidade em me amar,
apesar de mim.
Alguém vai tentar analisar minhas
posições, pouco me importa, quem pode perscrutar meu coração senão aquele que
me conhece no amago? E esse não me analisa, simplesmente me ama. Alguém vai
tentar dizer que esse e um discurso alienante, fora da realidade, sem ambição... ledo engano, ao contrário, esse é um discurso
realista, pés no chão de quem tem vivido com intensidade, experimentado a vida
em todas as suas facetas.
Quando o escritor da sabedoria de Eclesiastes disse que tudo
era vaidade, o dizia no contexto de um coração que de tudo havia experimentado
para chegar a essa conclusão, não preciso experimentar tudo, ate onde caminhei já pude perceber que essa é
a realidade.
São 2:45 horas da manhã,
completei agora 56 anos, 2 horas e 35 minutos, tempo suficiente para
compreender melhor a vida. O rádio faz uma coletânea de flashbacks que parece
ser de propósito para deixar meu coração melancólico, saudoso dos amigos que prematuramente
já perdi, mas feliz pelos que tenho por perto.
Feliz? Sim, muito feliz e...
realista
Miguel Uchôa, aos 56 anos