CARNAVAL
O quê de fato esconde essa festa?
Ë comum nessa
época do ano termos acesso a textos que procuram fazer uma verdadeira “exegese”
dos assuntos carnavalescos ou uma análise etimológica da palavra carnaval.
Dispenso ambas iniciativas por entender ser isso desnecessário. Não precisamos
ir muito longe para perceber que o carnaval é de fato a festa da carne. Por
outro lado, sabemos que as origens da festa estão ligadas ao momento que
precede a quaresma, que na fé cristã historicamente é um período de recolhimento
e reflexão em preparação para a páscoa. Na realidade o carnaval é um feriado religioso
e se restringe à 3ª feira dia em que se celebrava tudo e de todas as formas
possíveis para que no dia seguinte recebessem as cinzas do arrependimento da 4ª
feira, onde há ou haviam os tradicionais culto de cinzas, agora olhando para os 40 dias de abstinências e
retiro que já comentamos ser a quaresma.
Na prática, pouco
ou nada disso acontece mais, nem o carnaval é um feriado religioso, nem a
quaresma tem o mesmo significado que já teve em termos de reflexão e
abstinências. Algumas tradições cristãs realizam o culto e as missas de cinzas, mas nem de
perto podemos dizer que essa prática faz parte da cristandade hoje como já fez
um dia.Lembro de uma vez que o bispo primaz da igreja católica Romana no Brasil
fez duras críticas contra as celebrações carnavalescas, mas porque estavam
entrando na 4ª feira e isso era inadmissível dizia ele, pois já faz parte da
quaresma. Achei um pouco estranha a posição daquela autoridade eclesiástica
porque se limitava a defender a 4ª feira e sequer fazia uma menção aos dias e
até semanas que as pessoas vinham vivendo em bebedeiras e extravagância de todo
tipo.
O carnaval é
uma festa ambígua em minha opinião, não posso deixar de ver o lado cultural de
tantas manifestações, do espírito do artista brasileiro que vem à tona de forma
tão nítida nesse período. É indiscutível que a criatividade do povo não se
esgota e a cada ano surgem novas criações, nomes de blocos engraçadíssimos,
pessoas que investem em algumas fantasias que nos tiram risadas só em ver e
imaginar as cenas. Muitos vão se lembrar da história daquele folião que vinha
no meio da multidão puxando uma coleira e gritando vem Bob vem Bob! As pessoas abriam caminho com receio de um
cachorro para depois perceberem que ele apenas puxava um “bob” de cabelo. Isso
sem falar do bloco do “eu sozinho” e tantas outras iniciativas hilárias.
No entanto é
inegável que o carnaval não se restringe a isso e como tantas outras coisas,
foi perdendo a ênfase folclórica e dando cada vez mais lugar a uma verdadeira
busca por algo mais, um extravazamento do ser que persegue uma satisfação
qualquer e que em nome disso esquece qualquer limite e se entrega a tudo e a
todos. Como em tudo, não podemos generalizar, mas não há como negar que essa é
a ênfase da grande maioria, o que vem tornando a festa cada vez menos segura e
cada vez mais um terreno fértil para o uso exagerado de bebidas, o consumo de
drogas e a prática de uma sexualidade desenfreada. Não é a toa que o governo
não investe na distribuição de preservativos no natal, na semana santa e em
outros períodos festivos como faz nesse período do ano.
Ë necessário
ainda observar tudo isso sob a lente da espiritualidade cristã. Jesus Cristo
disse que o mundo jaz no maligno, e não é preciso chegar o carnaval para
concluirmos isso. Mas fazendo uma análise da festa sob esta ótica, não podemos
deixar de observar alguns aspectos e afirmar que o bom senso sugere que os
cristãos confesso se mantenham afastados desta celebração. Não há como negar
que as festividades têm um cunho espiritual por traz de tudo. Senão vejamos. O
carnaval de Recife e Olinda é aberto com a noite dos tambores silenciosos. Ora
todos sabem que esse evento é uma invocação às divindades africanas feitas
pelos maracatus que, sabemos, além de sua beleza plástica e ritmo contagiante
tem um componente espiritual fortíssima. Na realidade, é como uma entrega da
festa a estas divindades e na concepção cristã isso é abominação ao Senhor.
Nada mais contagiante e belo do que os desfiles das escolas de samba,
especialmente do Rio de Janeiro. Aqueles batuques, aquelas baterias produzem um
som alucinante e os dançarinos e dançarinas são de uma leveza impressionante.
Mas seria ingenuidade ou cegueira eletiva tentar omitir de nossas mentes que da
mesma forma por detrás de tudo aquilo está uma componente espiritual muito
intensa. Muitas das letras dos sambas enredos, além de passagens históricas
fazem alusão e louvação a entidades do candomblé e de outras tendências
religiosas espiritualistas. Não é novidade para ninguém que os líderes destes
grupos são em sua maioria esmagadora devotos de “santos guerreiros”, filhos de
“santo” e com suas histórias totalmente ligadas a estas práticas, trazendo
assim para suas escolas a louvação a estas entidades, o que compromete a
imparcialidade espiritual do movimento.
Com estes
exemplos e com a prática de um período de exageros e como citei extravasamentos
do ser, esta festa se torna a cada dia e de fato a festa da carne e os
cristãos, por não se sentirem motivados ao extravasamento da carne e sim a
busca de um controle de seus impulsos carnais e a busca de uma vida limpa e
pura diante de Deus devem se afastar desse momento e devem ensinar aos seus
filhos que da mesma forma se afastem de tudo isso, não simplesmente porque é um
pecado, mas porque toda a raiz está comprometida, as intenções estão maquiadas,
e a espiritualidade pagã permeia toda a festa. Tenho dito que por detrás da
mais simples fantasia de uma festividade infantil escolar nesse período, está
uma intenção espiritual que reveste toda a festa. Não há como separar. Se
incentivo meu filhinho a se fantasiar hoje e participar das festividades, não
poderei me queixar que, quando jovem ou adulto ele deseje seguir adiante e se
envolva na totalidade da festa, se expondo a estes riscos e à contaminação
espiritual. O que a sabedoria de provérbios diz é que devemos ensinar a criança
no caminho que ela deve andar e quando adulta não se desviará desse caminho!!
Por isso,
desde que conheci a Cristo verdadeiramente, abri meus olhos e consegui enxergar
o que de fato está por detrás dessa festa, e assim, me afastei dela, mesmo
admirando seu colorido e sua componente folclórica e cultural. Um dos mais
novos blocos do carnaval de Recife se chama “Culto a Baco”, criado em 2007 o
grito de “fé” desse bloco irreverente é: Eu não vou ao culto orar, eu vou ao
culto a Baco! Ora Baco é o mitológico Deus do vinho e não precisa ir mais
adiante para perceber que isso vai além de uma simples irreverência. Talvez
isso seja difícil de entender para alguém que não conhece a Cristo e confessa
essa fé, mas você que sabe disso, pode facilmente perceber o que de fato está
por detrás dessa festa.