O coração sábio saberá a
hora e a maneira certa de agir, porquanto há uma hora certa e uma maneira certa
de agir para cada situação Ec 8:5-6
Fogo amigo (do inglês: Friendly
fire) é uma expressão eufêmica utilizada militarmente no
que tange os aspectos de ataques aliado
à aliado, ou inimigo à inimigo.
Tal expressão
ganhou maior reconhecimento, pois nas guerras atuais, em que não existe tanto
contato físico com o inimigo, a simples suposição de um alvo faz com que o
soldado queira abate-lo, antes que o inimigo o faça. Isso é a grande causa de
vítimas aliadas em guerras.
Pode-se citar o
exemplo dos Pracinhas (Soldados brasileiros na II Guerra Mundial) que
por possuir uniforme parecido com os dos alemães, eram abatidos com frequência
por aliados (devido ao despreparo do governo brasileiro em analisar os
uniformes inimigos).
Achei essa definição de fogo amigo
na wikipedia, mesmo sabendo que não é
a mais leal das fontes, me ajudou bastante a expressar exatamente o que eu
percebo estar acontecendo no meio evangélico, na Igreja de Jesus Cristo. Não
sou daqueles que legalistamente atribuem a pecado qualquer expressão de
julgamento. Nessa área entendo que a
sabedoria consiste em saber o tempo e o
modo de dizer as coisas (Ec 8:5), estou terminando de ler o recém lançado livro
do Dr. Augustus Nicodemus e como ele, não aceito como falta de amor confrontar
alguém que não anda na verdade. Tenho diferenças com o pensamento do Dr.
Nicodemus, mas admiro muito seu trabalho, estamos do mesmo lado nessa batalha,
nunca perderia tempo criticando-o pública
e gratuitamente isso seria disparar “Fogo Amigo”.
Concordo em muito quando ele diz que
“o que Jesus está proibindo é o julgamento hipócrita, aquele que consiste em
ver os defeitos alheios sem olhar para as próprias falhas” e o que tenho visto
no meio evangélico hoje é exatamente isso, a dificuldade de se conviver com o
diferente, com aquele que , em alguma área, pensa diferentemente de mim. A
Intolerância com aroma de fundamentalismo está fumegando nas redes sociais e
tem tomado conta de muitos e a isso eu chamo de “Fogo Amigo” senão vejamos:
A Igreja de Jesus Cristo é diversa e
deixo fora dessa diversidade as correntes liberais, pelo que já serei chamado
de “juiz”, mas mesmo assim vou continuar deixando de fora pois meu propósito é
o Fogo Amigo e os cristãos evangelicais não se consideram muito amigos dos
liberais e vice versa, militam aparentemente no mesmo campo, mas suas
conquistas são outras e competem entre si.
A diversidade é o colorido de Deus e
o estatuto de um cristão poderia se resumir no Credo Apostólico, ali já estaria
a base comum da fé e concordando com a essência desse Credo, nas demais coisas
vamos discordar sem no entanto atingirmos a nós mesmos com o “Fogo Amigo”. O
que me chamou a atenção foi que ao observar a definição do termo, eu achei que
ele tinha sido pensado justamente para definir o que estamos fazendo entre nós.
Perceba essa parte da definição :
...nas guerras
atuais, em que não existe tanto
contato físico com o inimigo, a
simples suposição de um alvo faz com que o soldado queira abate-lo,
antes que o inimigo o faça. Isso é a grande causa de vítimas aliadas em
guerras.
Mesmo sem contato, sem conhecer a
realidade daquela comunidade da fé, sem saber de qualquer detalhe supõe-se que
seja um inimigo.. as vezes porque usa uma “farda” parecida com a do inimigo ele
é alvo do fogo amigo, que sem se preocupar em melhor conhecer, prefere sair
atirando, desqualificando, julgando, pressupondo, antecipando uma ideia e
concluindo precipitadamente algo que as vezes está longe da realidade.
Eu aprendi em minha caminhada
cristã, que ainda tem cerca de 35 anos, que a melhor maneira de julgar alguém,
especialmente um irmão(ã) na fé, é conviver com ele(a), o convívio intenso traz
compreensão e abre espaço para o verdadeiro amor que, como Jesus, estando seus
discípulos no mundo amou-os até o fim (JO 13) esse é o verdadeiro amor, o amor
que ousa conhecer.
Faço parte de um grupo de pastores
do MAPI ( ministério de apoio a pastores e igrejas) esse grupo se reúne a 18
anos e eu estou nele a cerca de 8 anos. Ali temos Batistas, presbiterianos,
congregacionais, episcopais carismáticos, e anglicanos por mim representados.
Esses irmãos são como parte de minha família. Ali nós compartilhamos nossas
vidas, ministérios, visões e sonhos, ali nós nos alegramos e choramos juntos,
ali, de joelhos temos clamado ao Senhor e não perdemos uma dessas reuniões
semanais por nada nesse mundo.
Ali nós temos um inimigo comum e
atiramos na direção dele, o pai da mentira, e se você quiser comprar uma briga
fale mal de um de nós para qualquer um de nós. Ali não há fogo amigo, porque
ousamos nos conhecer e antes de tudo, conhecemos a nós mesmo e as nossas muitas
limitações.
Sou um incurável apaixonado pela
unidade da igreja, participo de
conselhos de pastores, encontros de líderes e mais recentemente fui convidado a
sentar nas reuniões do Global Kingdoom,
um movimento de pastores das maiores e mais influentes igrejas do Brasil. Sou o
menor dos menores naquele grupo que inclui homens de Deus como Marcio Valadão,
Carlito Paes, Paulo Mazzoni, Jeremias Pereira, Abe Huber, Estevão Fernandes e
outros que tem colaborado em muito para levar essa pátria aos pés de Jesus.
Isso não significa que eu tenha uniformidade de prática e de pensamento com
todos eles, mas o que nos une é a missão comum e o nome disso não é “fazer
concessão”, não ouse dizer isso, o nome disso é unidade na diversidade.
O que tenho visto, especialmente nas
redes sociais, é o fogo amigo atingindo a Igreja Evangélica Brasileira.
O ‘Neofundamentalismo’ tem crescido e as metralhadoras da sequidão de
misericórdia e sabedoria estão cuspindo fogo, mas lamentavelmente na direção e
no alvo errados.
Condutores cegos! que coais um mosquito e engulis um
camelo. Mateus 23:24
Sim, esse “Fogo Amigo” vem de
pessoas assim, que anunciam um julgamento em nome da pureza do evangelho, mas
que esquecem onde eles mesmo estavam há pouco e nessa “crise de amnésia” e cuspindo sentimentos que o Senhor Jesus
rejeitaria, se fazem como fariseus que receberam a dura palavra do mestre.
Confundem a forma com a essência, a
mensagem com o método e vão se perdendo nos seus rasos julgamentos, sem nada
fazer, criticam aqueles que muito tem feito pela causa de Cristo. (pelo fruto
os conhecereis Mt 7:20).
O Despreparo do governo brasileiro
da época colocou uniformes nos pracinhas parecidos com os dos alemães e isso
causou muitas perdas por “Fogo Amigo” nas nossas tropas. O despreparo de muitos
cristãos, tem os levado a julgar seus irmãos pelos uniformes que usam e
confundindo uniforme com essência e missão esses tem disparado “Fogo Amigo” e maculado a unidade da igreja.
Saia dessa tropa, ela está
equivocada. Eles julgam música, ritmos, plástica, liturgias, luzes, termos e
outros aspectos periféricos, esquecendo que estamos na mesma tropa, combatemos
o mesmo inimigo, temos o mesmo mestre.
Exercite a sabedoria e mire no alvo certo, deixe de lado a
obsessão por estar correto, a sabedoria, a certa altura vai lhe mostrar que “não
há um justo nem um sequer” (Rm 3:10)
Seja sábio(a), saiba a hora e a maneira certa de agir (Ec
8:5), Fuja de disparar “Fogo Amigo” invista seu tempo em construir o Reino de
Deus, porque assim continuando, você corre o risco de ter sucesso disseminando
discórdia, mas logo, e provavelmente, será também pego por um outro “Fogo
Amigo”
Miguel Uchoa