quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Será que o inferno será mesmo uma estufa?


O SENHOR Deus colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo. Gn 2:15

Não sou de me orgulhar de estruturas humanas, que em minha percepção mostram aqui e ali mais sinais da queda do que da santidade sejam elas de qualquer tipo. Mas, posso dizer que me agrada bastante fazer parte de uma igreja que traçou de maneira tão holística e integral e lúcida a sua perspectiva missionária.
A conferência dos bispos anglicanos de Lambeth em 1988 definiu a missão da igreja da seguinte forma:

A Igreja existe no poder do Espírito para:
a) Proclamar as Boas Novas do amor reconciliador de Deus em Jesus Cristo;
b) Batizar e nutrir a quem passa a crer em Cristo;
c) Responder às necessidades humanas com serviço zeloso;
d) Trabalhar pela transformação da sociedade de acordo com os valores do Evangelho;
e) Salvaguardar a integridade da criação e a renovação da vida na terra.

Estamos vivendo momentos críticos em praticamente todas as áreas das relações humanas, seja ser humano a ser humano ou Ser humano a Deus. Os sinais da queda e consequente distanciamento de Deus, se acentuam a cada dia.
Hoje, enquanto escrevo estas linhas, 192 nações de todo globo estão reunidas na cidade de Copenhague para discutir o futuro do planeta terra. A princípio, tive um lampejo de esperança de que dali pudesse sair alguns avanços, mas na medida em que a conferência acontece e acompanhamos no dia a dia, a decepção começa a fazer parte de meu coração.
Os líderes das grandes potências associados aos líderes da futuras grandes potências ( inclusive o Brasil) tem uma só prioridade, fazer de tudo para que seu país possa continuar crescendo, avançando e poluindo, lançando gases, e colaborando para que o efeito estufa se acelere.
Me parece as vezes um jogo de crianças que ficam esperando para ver quem dá mais, quem ganha e quem perde...
A antecipação de algumas nações com promessas em simples propostas iniciais de que estariam se comprometendo faz parte de um jogo do tipo leilão, que dá um lance e se aguarda para ver por onde caminhará os preços futuros. O recuo já começou, os EUA e a China, maiores poluidores do planeta querem taxar as nações em desenvolvimento que estão em crescimento. Eles cresceram, poluiram tudo, criaram a estufa e agora querem culpar os outros para que assumam compromissos que eles mesmos nunca assumiram.

Como cristão e concordante coma orientação da igreja que faço parte (Anglicana) me preocupo com o rumo disso tudo. A Bíblia diz que nós devemos cuidar deste Jardim ( Gn 2:15), mas parece que estamos fazendo dele um verdadeiro lixão. Não tenho visto pronunciamento de líderes cristãos e até aqui, nem mesmo ví o Bono, presente sempre nestes momentos como cristão ativista, passando pelas ruas de Copenhage.
Salvaguardar a integridade da criação e a renovação da vida na terra é tarefa também nossa, e deve ser associada à nossa missão. Não haverão pessoas a serem evangelizadas se antes forem consumidas pela estufa que está se tornando nosso mundo, É mandato de Deus, zêlo pela criação. Pode parecer simplório, mas desde um papel jogado no chão até a poluição do riacho em frente a sua casa, o uso indiscriminado de produtos químicos, de energia fóssil etc... deve ser vista por cada cristão como parte de sua missão.

Não espero muito de Copenhague, mas espero que o Espírito de Deus sopre em nossos corações e que acordemos para esta tarefa que também é nossa. Porque a essa altura estou me perguntando: Será que o inferno será mesmo uma estufa.

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