Há muitos anos atrás fundei um ministério de discipulado
entre jovens na Igreja da Trindade, onde eu era pastor de jovens. Esse
ministério cresceu muito e mesmo depois de minha saída continuou dando muitos
frutos, frutos esses que perduram até hoje e, se multiplicam. Um dos estudos
preparados pela equipe que dirigia esse ministério, liderados pelo casal Sílvio
e Andréa Albuquerque se chamava CRISTIANISMO
A SELF SERVICE. Nós estamos falando de algo que foi feito há pelo menos uma
década.
Passado todo esse tempo, ainda estamos caminhando nessa mesma
direção e o entendimento da fé cristã continua sendo na mente de uma larga soma
de pessoas, uma religião que eu sigo para SER FELIZ. Eu me sirvo da fé cristã
para a minha felicidade. Existe algo de errado nisso? Sim e não. Primeiramente
não, se essa expressão não tiver um ponto final e em sua continuação incluir o
seu papel como cristão sendo agente de transformação. Sendo o contra ponto de
uma sociedade corrompida, sendo o exemplo de postura e ação.
A Fé cristã não chega até você, ou você até ela para ser
feliz apenas. A fé cristã envolve sacrifícios, envolve ir contra um sistema,
contra as posturas alienantes desse mundo porque tem a compreensão que se
estamos aqui e chegamos até Deus, Ele tem um propósito definido em minha vida e
enquanto eu não o cumprir, essa existência não encontra sentido para mim.
Naquele estudo a certa altura estava dito: “Esta
é uma prática "moderna e requintada" de nos relacionarmos com o
Criador, ideal para o cotidiano de nossa geração. Através dela podemos retirar
da Palavra de Deus apenas aquilo que queremos, que nos faz bem e que nos convêm.”
Existe algo sim de errado quando me envolvo com esse
cristianismo de benefícios apenas. Se sou um cristão, a minha missão é a missão
de Cristo e ela envolveu tudo desde os sorrisos até as lagrimas, desde alguns
louros até a coroa de espinhos, desde o bônus até o ônus.
Outro parágrafo daquele estudo dizia “No self service espiritual, enchemos o nosso prato exatamente de acordo com a nossa vontade. Aliás o nosso
poder de escolha, nessas horas, é muito importante. Nada de cargas pesadas.
Nossa alimentação tem que ser leve, diet por assim dizer. Afinal, quanto mais
pesado o prato, mais alto o preço, e eu não quero pagar caro pelas minhas
escolhas. Para facilitar, é mais conveniente escolher o fruto da época, pois o
que está na moda é sempre mais fácil de se obter.”
Revendo isso percebi a atualidade dessas considerações.
Vivemos um momento singular no evangelicalismo brasileiro onde pela primeira
vez o senso do IBGE mostrou o crescimento de uma nova categoria de “crentes” os evangélicos nominais , com ou sem igreja sentados nos
bancos ou assistindo pela internet, essa categoria de “crente” se enquadra no
que a minha mãe chamava daqueles que “ somente
queriam o vem a nós, mas vosso Reino
nada” Aqui mesmo nesse blog escrevi
certa vez um artigo chamado de “Cristianismo de Mão Única”. Tratava exatamente
disso.
Como
cristão e líder de uma igreja alerto o povo de Deus para se distanciar dessa
prática self service, desse cristianismo
de benefícios, desse evangelho desfigurado onde Cristo de fato nunca se torna
prioridade em nossas vidas, nem essas nossas vidas mostram de fato quem Cristo
é para nós.
Existe uma
frase atribuída a CS Lewis e que, mesmo não pertencendo a ele, está engastada
de verdade. Ela diz assim:
“Eu não fui para a
religião para ser feliz,. Eu sempre soube que uma garrafa de vinho do Porto
faria isso. Se você quer uma religião para fazer você se sentir realmente
confortável, certamente eu não recomendo o cristianismo”
Quero terminar esse artigo com mais uma frase que retirei
desse “antigo” estudo e que afirma : Nunca
ache que o seu livre arbítrio é justificativa para que você faça o que bem
entende. Se você aceitou Jesus, a sua vida não mais lhe pertence.
O Pão da Vida não é servido a self servisse, ele precisa ser
buscado e buscado de todo coração. (Jr 29:13) Quando encontrado vai requerer de
nós posturas sacrificais, atitudes altruístas, desejo de mudança em nós e
através de nós. Diferente disso, não dá para chamar de cristianismo
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