Entregar-se ou Entregar?
Jo
13:21-30;Hb 12:1-2
Podemos trair a
Cristo não somente com as nossa palavras
mas também com nosso
silêncio
J. Hudson Taylor
Amanhecemos hoje na
4a feira os eventos que vão acontecendo vão se alinhando para que se
cumpra cada passo daquilo que foi anunciado. O sacrifício de Jesus teria que acontecer
durante a celebração da Páscoa. Toda a associação de Jesus como o Cordeiro de
Deus, com o sangue derramado, somente faria sentido se ligado a essas
celebrações. A libertação pela Antiga Aliança está para ser deixada de lado e a
Nova Aliança para ser anunciada. Não mais sangue de bodes e touros como vimos
recentemente, mas o sangue do Cordeiro de Deus, de uma vez por todas haveria de
ser derramado.
Estamos na celebração
da Ceia Pascal. Essa noite ´a mais celebrada pelo povo judeu até os dias de
hoje. Quando cada família judaica se reúne hoje para celebrar a Páscoa eles
fazem a menção da libertação da escravidão e prometem que nunca mais serão
escravos novamente. Tive o privilégio de viver um tempo em Israel, vivi a celebração
da Páscoa em um Kibbutz, comunidade onde morava e trabalhava. Eles não eram
religiosos, mas a celebração da Páscoa tinha um significado especial e a festa
foi muito grande naquela data, isso porque celebravam a liberdade.
Jesus inicia aquela
ceia, na mesa havia os elementos que compõem a ceia pascal, mas não há menção
do cordeiro. Não sabemos se propositalmente ou não, mas podemos fazer aqui uma inferência
benigna. O Cordeiro de Deus estava ali, sentado a mesa, no centro daquela celebração
e se preparava para ser imolado, assim como previa a celebração da Páscoa. Mas
antes de ir adiante, ele diz que dentre eles havia um traidor, alguém que o
entregaria e pelo próprio texto sabemos que era Judas quem faria isso. Judas
simplesmente cedeu a tentação de levar alguma vantagem pessoal e por algumas
moedas se vendeu aos líderes judaicos, que desejam matar a Jesus. Os discípulos
não compreendem muito bem aquele momento, assim como não compreenderam muitas coisas
de início. Mas João, que escreve este texto, estava atento a cada passo naquele
cenáculo como quem sabe que dali em diante as coisas somente seriam piores e ele
seria um dos que não se afastaria de Jesus ate a sua morte na cruz.
Algumas lições
existem aqui neste texto do evangelho e na carta aos Hebreus. Inicialmente vejo
que por mais que estejamos por perto do Senhor, andando com ele, desfrutando de
sua presença corremos o grande risco de sermos seduzidos por propostas que se opõem
à vontade perfeita de Deus. Judas pode ter traído por algumas moedas, mas não
se espante se eu disser que por menos que moedas muitos tem traído a Jesus
hoje. Muitos traem por conveniência,
outros por receio de julgamentos sociais, e ainda outros o trairão sempre
porque não conseguem se posicionar em nenhuma situação em favor da causa de
Cristo.
Na realidade este
mundo que vivemos é de fato tentador para uma traição. As oportunidades são
muitas, afirmar algo de maneira absoluta não faz parte do politicamente correto de hoje, fazer coro com Jesus e afirmar que
ele é o UNICO CAMINHO para Deus não gera simpatia na maioria dos meios onde
você e eu andamos. Mas o que fazer? Calar, se omitir? Não seria isso um tipo
clássico de traição? Especialmente quando você sabe que ele, Jesus, fez tudo e
se entregou todo por você?
Por isso que o
escritor de hebreus afirma categoricamente : corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos
fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Se não atentarmos para esse
conselho acabaremos por trair a confiança de Jesus e entregaremos ele para ser
crucificado por aqueles que, mesmo estando por perto de nós, não nutrem
simpatia pelas suas palavras, que consideram duras e exclusivistas.
A entrega de Jesus
foi assim completa, sem restrições. Nessa mesa, ele está iniciando aquilo que
nunca mais os cristãos deixariam de fazer, ate o dia em que ele venha novamente
e com ele celebremos na glória. A Ceia do Senhor tem esse propósito de nos
manter ligados e focados em Cristo, em sua missão e especialmente em seu sacrifício.
A consciência disso nos ajudará a vencer a tentação da traição. Afirme isso a
cada dia, cada vez que você perceber a tentação de calar, de consentir, de
falar o que não deveria falar. Cada vez que aquele sorriso maroto de concordância
com o que as pessoas dizem da fé se insinuar pra você, olhe para Cristo, você
está correndo o risco de “entregar” Cristo. Por isso, foque nele e a vitória
chegará a você.
Minha Oração
Deus, por favor, me ajude a vencer cada tentação que me
sondar e desejar me envolver . Me dê sabedoria suficiente para perceber que no
que parecer pouco, pode significar que esteja em muito te traindo.
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