sábado, 3 de abril de 2010

"A Vergonha” - crônica de Luiz Fernando Verissimo sobre o BBB'


Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB),
produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço. A décima (foi longe) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência. Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB 10 é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB 10 é a realidade em busca do IBOPE. Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB 10. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas
parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas. Se entendi corretamente as apresentações, são 15 os “animais” do “zoológico”: o judeu tarado, o gay afeminado, a dentista gostosa, o negro com suingue, a nerd tímida, a gostosa , a “não sou piranha mas não sou santa”, o modelo Mr. Maringá, a lésbica convicta, a DJ intelectual, o carioca marrento, o maquiador drag-queen e a PM que gosta de apanhar (essa é para acabar!!!).
Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível.
Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo. Eu gostaria de perguntar se ele não pensa que esse
programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade. Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis? São esses nossos exemplos de heróis? Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os
professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor e quase sempre são mal remunerados..
Heróis são milhares de brasileiros que sequer tem um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir, e conseguem sobreviver a isso todo santo dia. Heróis são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna. Heróis são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína Zilda Arns).
Heróis são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada meses atrás pela própria Rede Globo. O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral. São apenas pessoas que se prestam a comer, beber, tomar sol, fofocar, dormir e agir estupidamente para que, ao final do programa, o “escolhido” receba um milhão e meio de reais. E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!
Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta
centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão. Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social, moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?

(Poderia ser feito mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores ) Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores. Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir. Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda
resta dos valores sobre os quais foi construído nossa sociedade

8 comentários:

Unknown disse...

Concordo plenamente com o Luiz Fernando Veríssimo... é uma pena que uma mera crítica ao absurdo que é o BBB seja suficiente para adquirir o rótulo de "quadrada"

Danilo Sergio Pallar Lemos disse...

É um produto importado e que degrada o sentido da família,do sigilo,da integridade e da moralidade; são todos os realitys shows prejudiciais.
www.vivendoteologia.blogspot.com

Anônimo disse...

Apesar de concordar com o conteúdo do texto "A vergonha", esse texto não é de Luis Fernando Veríssimo. Ele dementiu a autoria em artigo intitulado "Outro você" no jornal O Globo de 0/04/2010 http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/04/04/outro-voce-280562.asp
e no jornal Zero Hora de Porto
Alegre em 05/04/2010 http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2862217.xml&template=3916.dwt&edition=14430&section=70

Sempre que vejo um texto que não é da autoria do autor, procuro esclarecer. Pois acho injusto colocarem o nome de um autor famoso embaixo de um texto anônimo.
Que fique claro que isso nada tem a ver com a minha opinião pessoal sobre o programa. Acho o referido programa um lixo cultural e que nada acrescenta ao povo brasileiro.
Mas que fique esclarecido que este é mais um texto apócrifo e que não foi escrito por Luís Fernando Veríssimo.
Simone

Anônimo disse...

Como os links sairam com erro, posto novamente:
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2862217.xml&template=3916.dwt&edition=14430&section=70

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/04/04/outro-voce-280562.asp

Simone

Unknown disse...

Obrigado pelo esclarecimento. Minha sobrinha inclusive estudou esse texto na escoalo dela como sendo da autporia de LF Veríssimo...
Miguel

Amina disse...

Concordo plenamente com o texto. Acho que as famílias brasileiras devem procurar deixar de ligar as suas tvs nesse esgoto a céu aberto que é a Rede Globo.

Amina Oliveira.

joao disse...

Se já está comprovado que o texto não é do Veríssimo, por que não mudar o título do post? Manter o nome dele lá só multiplica os erros de atribuição de autoria. Muita gente não lê os comentários e repassa o texto como sendo do Veríssimo. Acabei de receber com este título...

Anônimo disse...

Oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão, deveria ser mais, este dinheiro arrecadado é Lucro para empresa ,este texto torna-se engraçado pois foi produzido por quem não perde um dia sequer da programação , poderiámos dizer que muita gente ganha dinheiro somente por comentar sobre o BBB , incluo nisto revistas , jornais , cronistas , todos ganham , inclusive pastores , isso é a mídia que todos compram , sem questionar nada !!!