sábado, 29 de dezembro de 2012

56 Anos 3 horas e 35 minutos


      
 Estou completando 56 anos de idade e de algumas marcas em minha vida que já me fizeram entender que na minha existência, sou um total dependente daquele que me salvou, me resgatou e me conduz a cada dia, um após o outro em sua total dependência. Tenho dito Nada em mim existe que não seja tudo de Ti
A fragilidade da vida eu já experimentei, as limitações humanas conheço-as muito bem, as mazelas do Ser Humano já me levaram a compreender o que Paulo tentou dizer que não há um justo sequer... não tenho grandes expectativas pois já vivi mais da metade da vida que Deus me deu e sei que nessa próxima fase e pelo que ele me levou as experimentar na primeira, sei de meu propósito, sei a quem sirvo e não pretendo fugir do sentimento de que a vida e tão efêmera que a bíblia a qualifica de um piscar, uma nuvem que passa ou como o orvalho que sobre a grama se dissipa nos primeiros raios de sol. Por isso remir o tempo e meu desejo.
Me sensibilizo mais com uma criança, com seu inocente sorriso ou sua angustiante face necessitada de acolhimento, amor e suporte. O olhar de uma criança carente me entala a goela mais do que qualquer outra coisa. Aos 56 anos de idade sou um privilegiado, andei por boa parte do mundo, falo alguns idiomas com esforço, fiz amigos por onde andei, zelo por essas amizades, conheci a Cristo ainda cedo, sirvo a Deus com minhas limitações, tenho uma esposa que nunca me permitiu duvidar que o amor é o que o amor faz, dois filhos que como presentes de Deus me deixam com o coração apertado de tanto amor, uma filha, que como flor enxertada em meu jardim e que com a sua graça contagiante me deu a alegria de não ser apenas pai de machos.
O que posso querer mais? Se tenho um  maravilhoso Deus, se tenho família amada, se tenho uma comunidade da fé, minha família espiritual, verdadeiros amigos que me cercam e que pela vida mostraram sua veracidade em me amar, apesar de mim.

Alguém vai tentar analisar minhas posições, pouco me importa, quem pode perscrutar meu coração senão aquele que me conhece no amago? E esse não me analisa, simplesmente me ama. Alguém vai tentar dizer que esse e um discurso alienante, fora da realidade, sem ambição...  ledo engano, ao contrário, esse é um discurso realista, pés no chão de quem tem vivido com intensidade, experimentado a vida em todas as suas facetas.
Quando o escritor  da sabedoria de Eclesiastes disse que tudo era vaidade, o dizia no contexto de um coração que de tudo havia experimentado para chegar a essa conclusão, não preciso experimentar tudo,  ate onde caminhei já pude perceber que essa é a realidade.
São 2:45 horas da manhã, completei agora 56 anos, 2 horas e 35 minutos, tempo suficiente para compreender melhor a vida. O rádio faz uma coletânea de flashbacks que parece ser de propósito para deixar meu coração melancólico, saudoso dos amigos que prematuramente já perdi, mas feliz pelos que tenho por perto.
Feliz? Sim, muito feliz e... realista
Miguel Uchôa, aos 56 anos 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Existe um novo ano adiante...

Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas! (2Co 5:17)
Gosto da perspectiva do novo e desde que conheci a Cristo tenho olhado adiante ao invés de mirar o passado. Como já li em algum lugar, um cristão não vê a vida pelo retrovisor, creio assim.
O ano que passou, não pode mais ser resgatado, claro podemos e devemos apreender com tudo que vivemos. A história, incluindo a nossa, é cumulativa. Mas as coisas antigas já passaram e especialmente aquelas que não nos dizem mais respeito, uma vez que em Cristo, somos novas criaturas. Tenho uma proposta a você nesse ultimo domingo do ano. Olhe para o novo ano como algo a ser conquistado e também uma oportunidade para se conquistar, se conquistar naquelas áreas que você mesmo luta para vencer. Tenho dito que o primeiro obstáculo que encontramos em viver o propósito de Deus começa comigo mesmo. Portanto,
Conquiste tudo que em você que lhe dirige para longe da vontade de Deus, se aproximando dEle diariamente em oração e meditação;
Conquiste tudo que lhe impede de servir, se engajando em sua obra, na igreja e onde você estiver;
Conquiste tudo que sugira uma vida encapsulada e voltada para projetos pessoais, a vida é muito mais que isso. Olhe para o próximo com os olhos de Jesus;
Conquiste toda sombra de ódio e desamor, amando com sua vida, suas atitudes, seus gestos;
Conquiste toda ausência de fé, olhando para o autor e consumador de sua vida.;
Conquiste toda acomodação, olhando em volta e vendo que sua presença pode mudar situações para melhor;
        Assim, o novo ano provavelmente será melhor quer todos os que você viveu até aqui, independente de quantos tenha vivido.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Perdi um Grande Amigo, amigo que me foi mais que irmão

Um dia, um belo dia, surgiu em minha vida, que ainda despertava para o mundo, um jovem de sotaque que puxava pelos  “Ss” fazendo-os quase se valer um “X”  e que  chamava Colégio de “Culégio”. Começava ali uma amizade que além de durar muito tempo, teve profundas implicações em minha vida e também na dele.
Conheci Pedro Paulo nos bons tempos da turma do Trenzinho e do edifício Transatlântico, Av. Boa Viagem. Junto com ele e com uma boa turma vivemos os bons tempos do Boa Boliche, das festinhas, do búzios e do Tio Pepe ali na beira mar. Introduzi PP no surf com meu primeiro long board de isopor e Gaibú era nosso reduto. Logo ele adquiriu a sua Gledson, marca nova que estava chegando ao mercado. Depois de muitas pranchas, muitas dormidas nas varandas das casas dos veranistas que nunca veraneavam em Gaibú, debutamos em Maracaípe em um final de semana onde haveria um campeonato de surf, mas o organizador sumiu com as inscrições e a multidão de jovens nordestinos, não mão, aproveitou apenas o grande swell daquele fim de semana. Embaixo daquela lona esticada no velho fusca do “Serjão” fomos acordados pelo velho amigo Fernando Murrinha que dava as coordenadas do mar, que na realidade, apenas entendemos que estava muito bom e pudemos presenciar aquela beleza de maracaípe como ninguém mais consegue ver hoje em dia.
Foram muitos desses mares que surfamos juntos, mas a maior onda que de fato pegamos foi quando juntos iniciamos nossa remada na direção da “onda” de Jesus. Quantas experiências, quantas aventuras, quantas alegrias... Juntos decidimos passar entre os 10 primeiros lugares em Eng. de Pesca e assim conseguimos, juntos compartilhamos um chamado para o ministério, juntos entramos para o seminário, vivemos uma vanguarda de trabalho entre jovens cristãos no Recife, fomos pioneiros na Igreja Anglicana em Boa Viagem e mentoreados de perto pelo nosso amado Bispo Sherril.
Saudade é a palavra exclusiva de nosso idioma, mas exclusiva também para expressar o que sinto daqueles bons tempos de encontros, reuniões da sexta feira com D. Léa preparando o lanche para aqueles muitos jovens que vinham ouvir de Jesus.
De nosso bom tempo de UFRPE e da ABU, de Tamandaré e de nossos acampamentos de carnaval tão abençoados e que tantas vidas abençoaram.
A história de nossas vidas tomou alguns atalhos diferentes, mas permanecemos na mesma direção, aquela de onde nunca nos desviamos, a direção do centro da vontade de Deus. Pedro foi um grande irmão, um amigo, parceiro cheio de amor, cheio de graça e um líder por natureza. Ao lado de sua sempre fiel companheira Nádia e junto com Valéria vivemos grandes momentos na intensa vida que lhe foi solicitada de volta no dia de hoje.
A Bíblia fala da vida nessa dimensão como nuvem passageira, orvalho que se dissipa, piscar de olhos. Dificilmente encontraremos respostas para nossos questionamentos quanto a essas surpresas que nos aterrorizam na nossa humanidade limitada.
Pedro, você sempre pareceu estar à frente de nós  e mais uma vez saiu na frente, você está hoje na presença plena de Deus e nós continuamos tentando entender melhor o que isso significa de fato, aquilo que os nossos olhos não viram,  e que não podemos materializar em nossas limitadas mentes, você já vislumbra.
Amigo, meu pranto somente se atenua em sua intensidade quando me lembro que a certeza da ressurreição nos traz a possibilidade de um reencontro onde esse pranto cessará e a dor, o medo e outras limitações nos deixarão de vez.
Nadia, seu marido foi referência para nossa geração
Felipe, Lucas e Priscila , olhem para seu exemplo de servo
Meu querido irmão
Obrigado por ter existido em minha vida
Eternamente grato
Seu irmão
Miguel