terça-feira, 28 de maio de 2013

Carta Aberta

Aos fiéis em Cristo de todos os ramos imperfeitos da Igreja Cristã

Graça e Paz
De muito tempo questiono alguns aspectos que, para alguns, se tornaram “vacas sagradas”. Eu explico, certa vez questionei a questão da sucessão apostólica, perguntei se ela estava vinculada à fidelidade ao rito, à imposição de mãos em si, ou à fidelidade ao ensino apostólico, que apenas em conjunto com o rito, seja ele alto ou baixo, e, com a imposição de mãos por seguidores do ensino apostólico, poderá ser considerada uma genuína sucessão apostólica.
Recentemente uma igreja de governo episcopal no Brasil, lançou uma carta aberta qualificando quem respondia pela Igreja Anglicana no Brasil, e assim, desqualificando um largo grupo de igrejas que tinham em seus nomes o termo anglicano ou episcopal. Não conheço a maioria delas e por isso não as julgo. Dizia a citada carta aberta, que essas igrejas, e listou 24 delas, não possuíam vínculo com a Sé de Cantuária , Conferência de Lambeth,  Conselho Consultivo Anglicano e o Encontro dos Primazes. Tão pouco mantém qualquer relação com a Igreja da Inglaterra.
Lembrou ainda a referida carta que, no Brasil, a Comunhão Anglicana é representada oficialmente por aquela que escrevia a carta e que aquelas outras 24 igrejas por ela “ditas anglicanas” não tinham relações ecumênicas  nacionais e internacionais  com uma série de entidades.
          Como sou Bispo Diocesano da Igreja Anglicana-Diocese do Recife, eleito legal e canonicamente, registrado em cartório, Sagrado pela imposição de mãos de 7 bispos Legitimamente anglicanos, sucessores dos apóstolos e de todas as suas doutrinas , pensamentos e visão, cumprindo o ordinal anglicano histórico, respaldado por um conselho de 12 legítimos arcebispos e primazes das principais províncias anglicanas do globo, aquelas que mais tem defendido a doutrina apostólica, aquelas que mais tem levado pessoas a Cristo, aquelas que mais tem crescido e se expandido neste mundo, aquelas que mais tem guardado o fiel depósito de fé cristã e apostólica e que juntas representam hoje a maioria de toda a membresia da Comunhão Anglicana.
          Lidero 65 pastores e pastoras que representam hoje 45 congregações com alguns milhares de membros. Sou Reitor de uma das mais dinâmicas Igrejas Anglicanas das Américas. Como Igreja Diocese somos membros fundadores da Aliança Cristã Evangélica, da Fellowship of the Confessing Anglicans, e do GAFCON. Somos supervisionados pastoralmente pelo arcebispo da Igreja Anglicana do Cone Sul e da ACNA, Igreja Anglicana da América do Norte, mantemos relacionamento com entidades e agencias anglicanas como Church Missionary Society (CMS), Society of Missionaries and Senders (SAMS USA), South American Missionariy Society (SAMS Ireland), Church Mission among the Jews (CMJ) a instituição missionária anglicana mais antiga no Oriente Médio, Anglican Maistream e mais conselhos de pastores, grupos nacionais e internacionais, recebemos e, enviamos missionários para igrejas e dioceses anglicanas e não anglicanas... preciso dizer algo
          Sim, de fato aquela igreja de governo Episcopal no Brasil, está certa, não temos comunhão com esse restante da Comunhão Anglicana e com outros grupos que, não confessam a totalidade da fé apostólica, que enxergam os credos e as declarações de fé da igreja assim como os 39 artigos de religião apenas como documentos históricos sem força de doutrina ou prática de fé, que veem a Bíblia como um dos muitos livros sagrados, que conseguiram destruir o conceito bíblico judaico/cristão milenar de família e casamento, que homologam e defendem a normalidade das relações homo afetivas, que entendem Jesus apenas como um caminho a Deus assim como tantos outros. Fomos nós mesmos que fizemos questão de declarar o nosso não alinhamento com essas correntes Anglicanas há quase uma década.
Sendo assim, mais uma vez, declaramos nessa Carta também Aberta que somos crentes em Jesus Cristo, que O confessamos como único e suficiente salvador, que aguardamos a sua vinda em glória e que, enquanto isso não acontece, seguimos procurando obedecer seu mandato deixado claro e mais explicitamente em Mt 28: 18-20, que cremos na Bíblia como Palavra Revelada de Deus e única regra de fé e prática.
De fato, não temos assento na Conferência de Lambeth ou no Conselho Consultivo Anglicano, sequer no Encontro dos Primazes e não mantemos uma relação oficial com a Igreja da Inglaterra ou com a Sé de Cantuária, temos sido escutados por eles eventualmente recebidos. Mas nem por isso, deixamos de ser Anglicanos.
Assim, como disse um dia o Bispo Robinson Cavalcanti, não queremos ser Anglicanos, Já o somos! E, como seu sucessor apostólico, complemento, nos apraz sermos Cristãos, Evangélicos necessariamente nessa ordem e depois Anglicanos,  ligados a esse modo de ser cristão que há muito, já deixou de lado suas fronteiras e que não possui marca registrada senão o depósito, apostólico.
Assim, continuamos nossa missão, mas sempre orando para que a Comunhão Anglicana possa ainda viver o melhor de seus tempos, porque cremos sempre que o melhor de Deus ainda está por vir.

Recife, 26 de Maio de 2013
                   
          +Miguel Uchôa
            Bispo Anglicano

  Recife

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Pentecostes, clama por uma igreja inquieta!


Estamos no aproximando do domingo de Pentecostes quando celebraremos a vinda da promessa de Jesus sobre a nossas vidas. Domingo celebramos o alavancar da Igreja como uma instituição missionária na sua essência. Se a igreja não é missionária, ela não é igreja. A sua missão é tão ampla como ampla é a misericórdia de Deus, mas pode ser resumida numa frase se desejarmos, dizendo a missão primordial da igreja é evangelizar!

Evangelização em um sentido amplo e verdadeiro significa levar as Boas Novas do reino de Deus a todos quanto possamos de todas as formas que pudermos, em todos os lugares que conseguirmos e, por todos os meios que dispusermos.  Nisso se resume ser igreja.

Pentecostes celebra a nossa capacitação para realizarmos essa tarefa. “Desde aquele dia os discípulos de Jesus, acanhados, temerosos pelo poder de Roma e a perseguição que já se implantava, saiu das casas, das cavernas, da “clandestinidade” e foi para as praças, ruas, campos, cidades, obedecendo ao mandato” Jerusalém, Judeia, Samaria e ...os confins da terra!

Para nós ser igreja missionária significará apresentar essas boas novas de amor, de paz, de justiça, de verdade, em uma sociedade que se corrompe, perde seus valores, ama as coisas, usa as pessoas e, aonde a verdade vem sendo torcida às vezes de maneira tão sutil que quando percebemos estamos envolvidos pela mentira que eu prefiro chamar de “anti-verdade”, pois não somente mente, mas combate a verdade.

Assistindo a um programa na Rede Pública de TV onde se falava da União homo afetiva e a sua legalização em todo pais que aconteceu esta semana, prestei bem atenção ao debate e até contribui, via e mail, mas no final, percebi que a TV pública, fazendo o que se tem feito confundindo Estado Laico com Estado Ateu, colocou no ar um programa, com debatedores todos a favor dessa nova e ultra pós-moderna instituição. Exercendo meu direito de cidadão escrevi para a emissora dizendo que como emissora pública e em um estado democrático de direito, ela deveria agora promover um programa com o mesmo tema e dando a oportunidade dos líderes cristãos se posicionarem e terem a chance de se defender das acusações de atrasados e fundamentalistas que, naquele mesmo programa tinha acontecido. Aguardo a resposta com certa ansiedade.

O poder para anunciar as boas novas nos faz profetas desse tempo, inconformados nos moldes de Romanos 12, imbatíveis nos moldes de 2º Coríntios 4, esperançosos nos moldes  de apocalipse 3 à igreja em  Filadélfia e perseverantes inspirados , impulsionados pelas palavras de Jesus em Mateus 10:22

Igreja do senhor, não se cale, não se intimide não aceite a opressão do mal que está sobre este tempo, que se expressa nas abissais diferenças sociais que ainda perduram em nossa nação, no atraso de nossa infraestrutura que fica à deriva literalmente enquanto nossos governantes trabalham muito em suas campanhas eleitorais. Nossa nação é uma nação injusta, nosso Deus é um Deus de justiça e não compartilha disso. Colocamo-nos entre as piores do mundo nos índices de educação. Recentemente, Nov. 2012, em pesquisa feita pela Pearson, o indicador  batizado de  Índice Global de Habilidades Cognitivas e Realizações Educacionais colocou o Brasil em 39º lugar entre 40 nações pesquisadas, apenas a Indonésia estava atrás desse Gigante pela própria natureza.

Nós não precisamos viver isso, existe riqueza suficiente para mudar esse quadro, mas grande parte dela se perde entre os dedos pela corrupção. Somente em 2011 dados mostram que cerca de 85 Bilhões de reais se perderam nessa atividade pecaminosa que drena as riquezas desse nosso país como uma hemorragia vai tirando a vida de um ser. Esses recursos poderiam estar sendo direcionados a uma educação de melhor qualidade, a um sistema de saúde menos injusto que tortura as pessoas para conseguirem um atendimento. 

Aos governantes que não lerão esta carta, cabe a palavra da sabedoria dos provérbios “O rei, que julga os pobres conforme a verdade firmará o seu trono para sempre. Pv 29:14”, quem sabe sabendo disso teriam mais sabedoria?

Pentecostes clama por uma igreja missionária, que se expande que anuncia a salvação do mundo, que insiste em Jesus como único e suficiente salvador. Pentecostes deve nos deixar inquietos como uma criança, que cheia de energia é colocada sentada sem o direito de se movimentar, a igreja tem a “energia” do espírito Santo, poder do Alto, e se não estiver inquieta, anelando por usar esse poder para o crescimento do Reino de Deus e a maior Glória do senhor, é porque ainda não compreendeu o seu propósito.

A nós, cristãos, cabe a certeza de que o mesmo Espírito que veio em poder no dia de pentecostes, continua entre nós e o mesmo poder disponível para todos nós, apenas creia.

 +Miguel Uchôa

 

 

 

quarta-feira, 8 de maio de 2013

20 anos servindo na causa, um Tributo


 E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros. 2Tm 2:2


Hoje eu acordei e, como sempre em minha primeira oração agradeci a Deus. Mas hoje havia algo mais, os 20 anos de ministério ordenado. Feito isso,  decidi ligar para duas pessoas que foram de muita relevância em minha vida e, especialmente em minha caminhada cristã e ministerial.  Liguei para o Bispo Paulo Garcia para apenas e em poucas palavras dizer obrigado por ter me apoiado, e me protegido, acreditando em meu potencial quando muitos deram as costas para mim, dentre esses, um bom número por pura conveniência.

Meu agradecimento não foi por outra coisa senão porque ele acreditou que eu poderia desenvolver um ministério e ser usado por Deus. Claro fez isso, abrindo algumas importantes portas, me introduzindo em ministérios e me lançando em um mãos à obra que muito me fez bem. Foi ele, que pela primeira vez me chamou publicamente de pastor, mesmo quando eu sequer era reconhecido na minha denominação como seminarista por defender a ortodoxia bíblia, a mesma que defendo até hoje. Foi com ele que fui pastor pela primeira vez. Foi ele quem me confiou a juventude de sua igreja acreditando na proposta que fiz de criar, junto com minha esposa Valéria, um programa de discipulado que, depois , veio a impactar toda uma geração daquela igreja.

Se você é um líder, pastor, coordenador, gestor de pessoas, esteja atento naquela massa de pessoas que às vezes parece não haver individualidade, provavelmente está alguém, ou algumas pessoas que poderão ser multiplicadoras de sua visão, apenas busque com cuidado, observe e, invista naqueles(as) que você percebe há potencial. Problemas? Claro que você terá, nunca esqueça que você está tratando com seres humanos e todas as suas idiossincrasias. Mas vale a pena investir! Pastor olhe em sua volta, olhe entre os seus jovens...

Quando liguei, ele estava celebrando o nascimento de mais um neto, e esse por coincidência recebeu o nome de Miguel. Lembramos um pouco de muitos momentos e rimos, porque quem é feliz e resolvido sabe rir de sua própria experiência , ao mesmo tempo que sabe aprender com ela.

Desligado o telefone, ligo para o Rio de Janeiro em busca da outra relevante pessoa em minha vida e ministério. Do outro lado escuto um Hello inglês, mas que logo se converteu em um sorriso alegre recheado por sentimentos saudosos de um tempo que foi usado por Deus para escrever uma história de minha vida e de muitos outros jovens. Meu bispo Sherril , disse eu... quem é? Sou eu Miguel... estou lhe ligando para agradecer porque o senhor acreditou em minha vida e me apoiou em minha caminhada ao ministério ordenado. São 20 anos hoje bispo.... já faz tudo isso Miguel!!!

Esse homem, Bispo Anglicano, pregador em minha ordenação diaconal, usou de seu tempo e ministério entre nós para investir em relacionamentos de amor e sinceridade. Um mentor que de maneira privilegiada eu tive, um conselheiro que me disse coisas que uso e pratico até os dias de hoje.

Nas nossas pequenas reuniões de jovens em boa viagem, lá estava ele, sentado, ministrando, orando, dando opiniões para um público de jovens apaixonados por Jesus. Com ele aprendi sobre a pessoa do Espírito Santo, com ele aprendi a respeitar as diferenças, com ele aprendi sobre as limitações da igreja e a importância de estabelecermos um olhar para o futuro...Tanto aprendi com o sr. Bispo coisas que guardo e as pratico até, hoje, disse eu. Ele me respondeu com seu jeito particular de ser "Miguel, você trouxe luz ao meu dia hoje" e eu pensei e o Sr. bispo, trouxe um farol que me ilumina ´sempre, o farol do discernimento de Deus.

Líder, pastor... investir em jovens tem como sinônimo conviver com eles, esteja com eles, apoie suas ideias, mesmo que as vezes possa parecer estranho ou desconfortável. Um dia, em um outro contexto ele me disse “ O Senhor ainda lhe fará bispo nessa igreja”

A 3ª pessoa que gostaria de ter podido ligar hoje, não está mais entre nós, sua vida foi tragada pela ação do maligno de maneira trágica e incompreensível aos nossos olhos. Ele se chamava Robinson Cavalcanti. foi ele quem me apresentou ao \bispo n min há ordenação presbiteral. Da mesma forma que os dois que o antecederam nessas linhas, foi alguém que não somente acreditou em mim e em meu potencial, mas que me lançou no mundo anglicano internacional e com quem aprendi a combatividade pelas nobres causas. Em uma dedicatória de seu livro Igreja agente de transformação ele escreveu profeticamente “ Ao Rev Miguel Uchôa”  quando eu ainda sofria as perseguições que apontavam para minha ordenação como algo pouco provável em qualquer tempo.

Bispo, o senhor não está mais aqui, mas se estivesse provavelmente diria, parabéns siga adiante, porque ninguém detém é obra santa!

Hoje, sou bispo anglicano há exatos 5 meses, supervisiono 60 pastores e pastoras e quase 50 comunidades, sou Reitor da PAES ( Paróquia Anglicana Espírito Santo) , uma igreja atuante com cerca de 1300 pessoas ou mais, Presido o conselho uma ONG Cristã que trabalha com Crianças em situação de risco, sou do conselho da Casa da Esperança uma outra ONG que é ligada a nossa paróquia e que alcança centenas de crianças na Comunidade das Carolinas em Candeias Jaboatão PE, faço parte da diretoria do conselho de pastores de minha cidade e atuo dentro de todas as minhas possibilidades para construir uma igreja sólida na Palavra de Deus, mas contemporânea, que fale a linguagem da sociedade e que parta em seu socorro agindo para, de alguma forma,  transformá-la.

Pastor(a), líder invista em vidas. O maior fracasso do líder está no fato de ele deixar seu “grande ministério” sem qualquer perspectiva de que alguém, gerado por ele, possuindo seu DNA, esteja a ponto de se envolver

Não poderia ligar para todos aqueles (as) que tanto me apoiaram nessa caminhada. Sou grato à Igreja de Jesus Cristo pela graça de me permitir servir com meus talentos disponibilizando-os para a edificação da Igreja.

Agora, 07 de Maio de 2013 já faz parte do passado e assim , como sempre digo, é uma roupa velha que não se veste mais.

Sigo adiante, na certeza de que ainda não encontrei tudo, mas também convicto que estou na direção certa.

Miguel Uchôa