terça-feira, 10 de maio de 2011

“Na vida tudo despenca, só o que se mantém firme é a família”


Faz alguns meses, comecei a ler o livro de Elizabeth Gilbert, confesso que não me empolgou e como creio que tempo é algo precioso, coloquei de lado logo que soube que o filme estava chegando na “praça”. Como adoeci e fiquei impedido de ir ao cinema por muitos meses (está fazendo um ano que não entro em uma sala) somente agora me lembrei de locar o DVD e assisitir. Valeu a pena assistir, foi bom não ter seguido com a leitura.
Se você assistiu ao filme ou leu o livro, não sei se percebeu pelo angulo que eu percebi, a falta que uma família estruturada faz na vida de um ser humano. Liz, a protagonista da história é uma mulher confusa até onde não se possa mais imaginar, com mais interrogações que pontos finais que possam encerrar uma sentença em sua vida. Vem de relacionamentos interrompidos em sequência desde a sua adolescência.
Na 1ª parte da história aparece uma mulher em crise que não soube administrar um casamento, que omitiu de seu amado tudo que não gostava nele para em um rampante dizer simplesmente “ eu não quero mais estar casada ” e aí sim, dizer tudo o que a incomodava no seu marido de uma vez deixando ele meio louco, sem entender e sem opções. Claro quem entenderia algo assim?
Lido com casais em “preparação” para casamentos e percebo o quão despreparados eles estão para enfrentar a vida a dois, casamentos que são fugas de diferentes realidades e até de si mesmos, concessões que são feitas a qualquer preço pelo simples fato de temerem a solidão ou o que se valha. Liz, entrou no 1º casamento, segundo ela mesma, dessa forma no ímpeto da juventude e sem conhecer o amor e suas implicações. Aquela família se quebrou, pela inconsequência de decisões prematuras.
Na 2ª parte da história, ela decide ir a Itália para comer bem, digamos assim. Mas na realidade ela se encontra em meio a um grupo de pessoas que no final de tudo mostra o valor da família. Não consegui ver Liz buscando satisfazer o paladarcom a culinária italiana ou o conhecido “dolce far niente”( o prazer de não fazer nada) mas sim em busca de si mesma. E onde ela encontra guarita? No caloroso ambiente familiar. Aquela família ajudou Liz a entender o valor, não da boa pasta italiana , mas de um ambiente saudável gerado por uma família feliz.
Na 3ª parte da história. Liz vai a India em busca de se aproximar de Deus e quem sabe, de si mesma. Vive em um monastério, retirada. Mas quem se mostra alí é um texano que também está em busca de perdão por ter jogado sua vida para o ar por conta da bebida e se lamenta profundamente procurando se perdoar porque destruiu o quê? Exatamente aquilo que ele reconhece ser o que possuia de maior valor, a sua família. Na Índia ela ainda se identifica com uma jovem que vive um casamento arranjado e demonstra infelicidade com aquela escolha. Mais uma vez a figura do casamento equivocado vem a tona e junta-se com a história de uma curandeira que é divorciada porque vivia em pé de guerra com o marido com atos de violência por parte dele. Famílias desencontradas gerando infelicidade.
Na 4ª parte da história contada por Elizabeth, ela se encontra em Bali, de volta a casa do Xamã que havia “profetizado” a falência de seu casamento e o seu retorno àquele lugar. Alí ela se apaixona por um brasileiro de nome Felipe que também vem de uma experiência familiar quebrada por um divórcio. Ele mostra fortes laços com seu filho, mas parece sem forças para superar o trauma que aquele casamento deixara, levando-o a estar 10 anos sem um relacionamento. Liz está em Bali para encontrar o amor e o equilíbrio na vida. Decidida a partir e jogar tudo para traz, rompe com Felipe em nome do equilíbrio, mas ainda parece presa ao desequilíbrio que a levou a essa aventura, a busca de si mesma. Por fim recebe um conselho do xamã : “ as vezes em nome do amor muitas coisas se desequilibram em nossas vidas, mas depois se ajustam...” ou seja, o amor é prioridade. Ela desiste de partir e volta para Felipe e agora sim, consegue viver um relacionamento saudável, sem sombras e assim formam uma família que agora, parece estável. Liz não estava em busca de orações ou comida, ela estava em busca dela mesma e do verdadeiro sentido do amor que se completa e toma sentido no seio de uma família.
Como disse a mama italiana que alugou a casa a Liz: “na vida tudo despenca, só o que se mantém firme é a família”

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