sexta-feira, 9 de maio de 2014

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Miguel Uchôa
A paixão estará sempre ligada ao exterior, ao que chama a atenção, enquanto o amor estará sempre atraído pelo interior, pelo caráter, pelo que a presença do outro traz de satisfação e faz enfrentar as adversidades. Em outras palavras, o amor ama pelo que o outro é, e não pelo que ele possui, em todos os sentidos.
Não sou descrente do que se chama de amor à primeira vista, mas creio que isso acontece com muita raridade. Na maioria esmagadora das vezes, a paixão se encarrega de encantar no primeiro contato. Esse sentimento pode evoluir para o verdadeiro amor, mas, quando estanca na paixão, ele é marcado pela superficialidade. Enquanto isso, o amor requer maior conhecimento, e isso significa que ele cresce com o tempo, amadurece no dia a dia. Isso leva ao “amar apesar de” — amar sabendo a quem se ama.
A paixão tem a marca da instabilidade. Seu humor sofre variações, às vezes incompreensíveis, enquanto o amor se mostra estável e seus interesses são constantes, firmes e, acima de tudo, sinceros.
A paixão toma conta da pessoa a ponto de inverter suas prioridades. Ela produz uma dedicação cega e, às vezes, insana. Leva o indivíduo a viver fora da realidade. Você já deve ter visto ou convivido com alguém apaixonado por uma pessoa que sabidamente não é confiável, mas ele insiste, não enxerga, e não ouve a família que só quer o seu bem. O amor, em contrapartida, mantém o equilíbrio. Os valores seguem na hierarquia correta. Deus está em primeiro lugar, mas a família nunca
é desprezada. O amor, como vimos em 1Coríntios 13, não é egoísta, “não procura seus interesses”.
O amor é “ensinável”: ele escuta, se interessa em crescer pelo exemplo e pela experiência de outros. Quem ama, por conta de se manter em equilíbrio, ouve. Já a paixão não quer escutar ninguém. Além de cega, ela é surda. Naturalmente, existem muitas outras diferenças entre paixão e amor. Essas são apenas algumas que despertam mais atenção.

3 comentários:

LAMARTINE disse...

"A suprema felicidade da vida é a convicção de ser amado por aquilo que você é, ou melhor, apesar daquilo que você é." - Victor Hugo.

Uma paixão forte pode se confundir com uma convicção de que existe amor entre duas pessoas, o suficiente para conduzi-los ao casamento, que uma vez consumado leva-as a vida em comum, debaixo do mesmo teto. Assim, verdades, relacionamento, compreensão, tolerância, apoio nas dificuldades, companheirismo,carinho, palavras doces que com o passar do tempo vão sumindo, levam a conclusão que de fato nunca existiu o amor e sem este a suposta convicção era falsa, pois estava assentada por algo frágil e passageiro que éra apenas uma Forte Paixão.

"Alguns afirmam que o amor verdadeiro só acontece quando as duas pessoas têm amor por elas próprias. De igual forma, o amor verdadeiro vai muito além do romantismo e do erotismo, é uma questão de empenho, trabalho, cuidado e um forte compromisso diário".

Lamartine Cruz
09-05-2014

António Je. Batalha disse...

Seu blog é encantador, estive a ver e ler algumas coisas, não li muito, porque espero voltar mais algumas vezes,mas deu para ver a sua dedicação e sempre a prendemos ao ler blogs como o seu. Se me der a honra de visitar e ler algumas coisas no Peregrino e servo ficarei radiante, e se desejar deixe um comentário. Abraço fraterno.António.

Unknown disse...

Sua excelência, Bispo Miguel Uchôa, venho aqui expressar minha gratidão por ter escrito esta obra, de tão grade valor. Sou Bruna, tenho 27 anos, criada e educada na Igreja Católica, mas cheguei a um estágio da minha vida em que não consigo me identificar, perante uma sociedade com valores tão distorcidos, em relação a família e relacionamentos. A algum tempo atrás eu estava me sentindo perdida e sozinha por ter pensamentos, valores e convicções não mais aceitos pelos padrões sociais. Comecei a pensar que eu que estava pensando e agindo errado... Quando um dia, passando por uma livraria cristã, decidi entrar. Eu entrei com sede de encontrar algo que me exlcarecesse duvidas, me ajudasse a encontrar o caminho certo, que me orientasse em relação a namoro, noivado, casamento família, pois eu já tinha duvidas se no que eu sempre acreditei e pratiquei hoje não seria mas viável. Foi quando encontrei seu livro, dentre tantos outros, comecei a degusta-lo e já sinto grande conforto e alívio por saber que eu estava no caminho certo e que não estava agindo e pensando errado. Excelentíssimo bispo, muito obrigado por essa valiosa obra, que agora faz parte de minha vida, sou uma jovem como tantas outras em busca de um relacionamento equilibrado e saudável, numa sociedade tão superficial e capitalista onde as pessoas se valorizam pelo que tem e não pelo que são. Obrigado por mostrar um caminho onde as pessoas tem valor em sua essência, que a família é algo sagrado, que os seres humanos tem valores e raízes, que devemos respeitar e nos valorizar quanto pessoas humanas, que os relacionamentos devem ter bases sólidas, afinal uma casa não pode ser construída sob a areia, pois qualquer onda pode vir e leva-la.
Deus vos abençoe e a vossa família.

Grata,
Bruna Barbosa Galvão Campêlo.